domingo, 30 de junho de 2019

Ao procurar um livro de Mário Dionísio, peguei no pequeno livro do Escultor Rui Chafes (Rui Chafes SOB A PELE), Conversas com Sara Antónia Matos. Conversa muito rica em que há constantemente afirmações do Escultor que me impressionam muito, algumas penso que por serem muito próximas do meu pensamento. A título de exemplo, transcrevo:

"Não me interessa a self-expression, não tenho nada de pessoal a dizer ou a exprimir, no meu trabalho, nenhuma mensagem a transmitir: é uma arte para nada. Também não me interessa a arte "autobiográfica", sou bastante alérgico a obras de arte que falam dos problemas pessoais do artista e da sua vida pessoal ou memórias, acho um bocado repelente...Nunca me passaria pela cabeça falar dos meus problemas ou da minha própria biografia numa obra de arte, não interessa a ninguém (e não me interessa a mim, nos outros). ...na verdade, a arte é uma construção e será sempre uma linguagem do vazio."

Eu interesso-me sempre por entrar dentro, penetrar o interior, dissecar o vazio, o invisível, porque
nesse espaço absolutamente desconhecido, procuro o inatingível... Enquanto caminhar em direcção ao horizonte, sei que vou na direcção certa. Criar dói, como costumo dizer, e isto, porque ponho em cada trabalho muito de mim. Já Pessoa dizia: "Põe tudo de ti em tudo o que fazes, sê tu!" Pois se assim é, e o acto de criar implica que assim seja (penso unicamente em pessoas honestas), a obra de arte criada terá de reflectir o que o seu autor pôs nela. Quando o autor apresenta o seu trabalho ao público, está a considerá-lo arte, se não da-lhe outra aplicação e deixa de ser arte, poderá ser um utensílio. por exemplo.

Um objecto de arte nunca nasce do nada. Embora não representativo de alguma coisa, não falo de arte representativa, tem de sair da cabeça do seu criador, tem de ser parido pelo seu autor. Não tem ser autobiográfico, mas o autor terá que por tudo de si, todas as suas preocupações no objecto que está a criar. Este terá de reflectir de alguma forma as suas inquietações. Uma coisa é criar qualquer objecto, dar-lhe um uso não artístico, outra coisa totalmente diferente, é parir um objecto que SAI DE SI e ao qual dará o único fim para que foi criado - ARTE.

     

      

                                   
  

  

quinta-feira, 27 de junho de 2019

APRESENTAÇÃO


Que me desculpem as pessoas que me conhecem, mas provavelmente também virão aqui outras que não sabem quem eu sou. Daí ter optado por deixar aqui uma apresentação ainda que sumária.


Luís Fernandes, nascido em 1948. Pintor de Arte, mais completo será artista plástico, visto também fazer Gravura e Escultura.

À maneira de currículo, aqui ficam algumas informações sobre o meu percurso.

Natural de Partida/S. Vicente da Beira/Castelo Branco.
Em 1965, então com 17 anos, parti para Lisboa onde residi até aos 59 anos. Desde então, fixei residência em Rio Maior.

Trabalhei como Dourador-Pintor-Decorador. Interrompi esta actividade para fazer o Serviço Militar, então obrigatório, tendo durado quase 3 anos com mais de 27 meses no N de Angola. Meses depois do meu regresso, ingressei na área comercial de uma grande Seguradora onde permaneci por 30 anos. Ao fim dos primeiros 8 anos nesta actividade e não podendo continuar a resistir ao "apelo" que tanto me pressionava, retomei a pintura, mas apenas como hobby, mas 4 ou 5 anos depois, passou a ser uma segunda actividade.

A partir do ano em que assumi a Pintura como a minha segunda actividade (afectiva e psicologicamente, a primeira), estudei na Sociedade Nacional de Belas Artes, onde fiz o Curso de Iniciação de Desenho com modelo, tendo sido aluno do Escultor Quintino Sebastião, fiz o Curso de Temas de Estética e Teorias de Arte Contemporânea com o Prof. David Lopes. Ainda na SNBA frequentei o atelier livre de Desenho com modelo. Continuei a frequentar cursos de curta duração. Já em 2007 fiz um workshop de Gravura Contemporânea com o Artista Plástico David de Almeida. Com este Mestre fiz diversas gravuras, frequentei o seu atelier até ao seu falecimento, Outubro de 2014. Sempre em busca da realização plena e seguindo os ensinamentos de David de Almeida, tenho feito também escultura. Uma peça minha em aço corten, está instalada numa rotunda de Castelo Branco, trata-se da escultura "Pastor", peça com 2,50 m de altura, sobre uma base com 1,50.

Exponho regularmente desde 1985. Desde então fiz mais de 30 exposições individuais e participei em mais de uma centena de colectivas. Destaco apenas as que tiveram para mim mais importância:

Individuais

1985 no "O Camarim", Lisboa; 1986 e 88 na Galeria Codilivro (já extinta), Lisboa; 1992 e 98 na Junta de Turismo Ericeira; 2006, Galeria Municipal, Sintra; 2009 na Sala da Nora, Castelo Branco; 2010, Museu do Canteiro, Alcains; 2011, A Moagem, Fundão; 2013 na Biblioteca Municipal, Figueira da Foz; 2015 no Museu F. Tavares Proença Jr onde tinha exposto em 1986, Castelo Branco; 2016 no Museu Sta. Clara-a-Velha, Coimbra; ainda em 2016 na Casa Amarela/Gal. Municipal de Arte Contemporânea, Castelo  Branco.

Colectivas 

Galeria Codilivro, Lisboa; Galeria Municipal da Amadora; Sintra; Castelo Branco; Rio                        Maior; Sabugal; Figueira da Foz; Silves; Loulé; Campo Maior; Elvas; Vendas Novas; Vidigueira; Bulgária (Stara Zagora); Consulado Português em Paris; Valência, Espanha, etc.etc.

Prémios - Foi-me atribuído o 1º Prémio Pintura/Óleo na IV Exposição (1989) "À Descoberta do                          Palácio", P. N. de Sintra;

                Em 2015 foi-me atribuído o 2º Prémio na Exposição "Pequeno Formato", AAAGP,                              Figueira da Foz.

Citado nos livros: "Artes Plásticas, Portugal, O Artista e Seu Mercado", de Narcizo Martins;
"Galeria - Anuário de Arte", edição 2011.

Representado no acervo de diversas Instituições Públicas, nomeadamente, Museu F. Tavares Proença, Jr (Castelo Branco); Museu Regional de Sintra; Museu do Canteiro (Alcains); Hospital de S. José (Lisboa); Câmara Municipal de Castelo Branco (diversos trabalhos de Pintura e Escultura, incluindo um políptico composto por 18 telas, instalado na Biblioteca Municipal). Uma escultura em aço corten (altura da peça, 2,50 m) encontra-se instalada numa rotunda em Castelo Branco.
Representado em diversas colecções particulares.

Desde 2004 venho ministrando aulas de Pintura no meu atelier. Desde 2009, por protocolo com a Câmara Municipal de Rio Maior, gratuitamente a todos os munícipes interessados.

Fica assim registado no meu blog, à maneira de currículo, um resumo do meu percurso profissional e artístico.



                                     
                                      
 Pintura, s/título, óleo s/tela e linho texturado e colado em madeira, díptico, 22 X 40 cm  

             

   



domingo, 16 de junho de 2019

Quando parti para iniciar este blog, lembrei-me do tempo em que fazíamos o Diário. Embora este blog não seja um "diário", longe de mim tal ideia, será um registo de pensamentos, ideias, comentários, transcrição de frases e muitas mais fundamentalmente relacionadas com as Artes. E as Letras, claro. Volto ao "diário" para deixar aqui registado que o espírito será idêntico.

CHEIAS DE 1967 (região de Lisboa) No passado dia 25/11, uma amiga enviou-me uma mensagem sobre este assunto. Depois de ler o texto...