PROCESSO CRIATIVO
Numa exposição minha, um espectador "dispara" uma pergunta que sempre achei indiscreta. "Para pintar esta tela, baseou-se no sexo da mulher?" Ao que eu respondi, não espontâneamente. Talvez, porque não? Mas também poderá ter sido nos troncos velhos das oliveiras, dos sobreiros com e sem cortiça, nas rugas da terra seca, nos terrenos que foram pantanosos e que já estão bastante estalados devido ao calor do Sol, etc....
Indiscreta, porque o processo criativo, quando não se representa, mas se cria de raiz, em que se mergulha no nosso próprio interior, tentando dar forma e cor ao que não se vê, é querer entrar dentro de nós, é tentar de alguma forma violar o nosso íntimo.
Na minha opinião, cabe ao espectador apreciar criticamente o trabalho que o autor criou. Pode, deve mesmo, dialogar com o artista acerca da obra que observa, criticá-la e discuti-la, mas não invadir a intimidade do autor. Por mais belo e sugestivo que seja o pensado. Com foi no caso.

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