quinta-feira, 8 de agosto de 2019


Quem deve sentir vergonha não é o pobre, mas quem cria a pobreza



Li esta frase de Mia Couto que me causou maior revolta contra os exploradores deste mundo. "Quem deve sentir vergonha não é o pobre, mas quem cria a pobreza". Já ouvi muitas vezes uma frase popular que poderá ter servido de ponto de partida para o Mia Couto fazer a afirmação com que iniciei esta minha reflexão. Diz-se então, ser pobre não é vergonha. 



Num mundo globalizado, em que domina o egoísmo, em que a solidariedade e a fraternidade já são obsoletas, como é possível que valores fundamentais da sociedade possam considerar-se obsoletos, endeusou-se o capital e o conceito do TER passou a ser o grande objectivo da sociedade. Passou a ser vergonha ser pobre, enquanto se enaltecem os que criam a pobreza. Os que detêm os principais meios de produção, impondo como grande objectivo a maximização do lucro, não tendo em conta os princípios da solidariedade e da fraternidade, são efectivamente os criadores da pobreza. Como se o empreendedorismo e o empresariado fossem apanágio de exploradores. Estes são realmente trabalhadores que aplicando o seu capital e a sua capacidade de gestão, criam riqueza e não pobreza, distribuindo uma parte das mais valias obtidas por todos os que contribuíram para elas.



Solidariedade, fraternidade e generosidade não podem ser obsoletas. 



              

2 comentários:

  1. Correto tudo o que diz. Ainda há poucos dias li sobre o empreendedorismo de Rui Nabeiro, que criou a empresa Delta baseada na torra e comercialização de café. Os valores que defende e aplica com funcionários e a sociedade, tornando-se numa pessoa amada por quem o cerca, e não só. Há alguns anos fui com familiares a Campo Maior e pudemos sentir isso mesmo, presencialmente, nas palavras com que ele acolhia os visitantes... A vida ensina-nos tanto... o que é necessário é estarmos atentos.

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  2. Absolutamente de acordo, Celeste. Retive a sua frase, "A vida ensina-nos tanto... o que é necessário é estarmos atentos." Na verdade, temos ou devemos estar atentos aos sinais que a Vida nos envia e assim, tentarmos aprender, pois a Vida e a Natureza ensinam-nos tanto.
    Obrigado, Celeste.

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