UM ABRAÇO - II
VOLTO AO ASSUNTO, REFLECTINDO AINDA SOBRE O ABRAÇO, SUA AUSÊNCIA. TUDO O QUE ATRÁS FICA DITO, SOBRETUDO A AUSÊNCIA DE AFECTOS, LEVA-ME A REFLECTIR SOBRE AS RELAÇÕES FRIAS E CADA
COMO PODERÃO AS PESSOAS SENTIR O CALOR E O AFAGO DOS SEUS SEMELHANTES SE LOGO DE PEQUENINAS APRENDEM AS VIRTUDES DO MATERIALISMO? CEDO APRENDEM A MANIPULAR A TECNOLOGIA E A VER O MUNDO ATRAVÉS DE UM ECRAN. FALAM O INDISPENSÁVEL. NUNCA SE COMUNICOU TANTO E SE CONVERSOU TÃO POUCO.
AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO SÃO EXCELENTES MEIOS DE COMUNICAÇÃO. TODA A INFORMAÇÃO ESTÁ À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE. ESSA ÂNSIA DE PESQUISAR E O SUBSTITUIR O CHAMADO MUNDO REAL PELO MUNDO VIRTUAL TER-NOS-A LEVADO À AUSÊNCIA DE AFECTOS E À MODIFICAÇÃO DA VIDA EM SOCIEDADE.
E AQUI CHEGAMOS AO ABRAÇO OU À SUA AUSÊNCIA. O ABRAÇO TRAZ-NOS SEGURANÇA, CONFIANÇA, SOLIDARIEDADE, AMOR. ESTAS SÃO SENSAÇÕES, SENTIMENTOS, QUE NUNCA SERÃO SUBSTITUÍDOS. TEMOS DE TRANSMITIR AOS MAIS NOVOS QUE É MUITO BOM DEIXARMO-NOS ENVOLVER PELAS EMOÇÕES. O PRAGMATISMO E O CALCULISMO É PRÓPRIO DAS MÁQUINAS, NÃO DOS HOMENS.
Muito interessante a sua reflexão, Luís. Pensei nas suas palavras e cruzei-as com o meu dia... Logo pela manhã, a minha vizinha do lado veio trazer-me um grande ramo de flores... Quando abri a porta e a vi com as flores sorri de imediato e disse-lhe "fez anos". Ela abraçou-me e eu abracei-a e é sempre tão bom dar e receber um abraço sincero. Todos os anos desde que somos vizinhas, e já são alguns (20), o ritual repete-se e eu fico sempre acanhada perante este ato genuíno, a minha vizinha recebe as flores dos seus familiares pelo seu aniversário e no dia seguinte vem oferecer-mas com tanta felicidade como se, de alguma maneira, a aniversariante fosse eu. Penso que é um gesto único pois nunca o vivi com outra pessoa nem nunca ouvi contar algo assim. Este ano perguntei-lhe de novo porque mas oferece a mim (no meu prédio vivem 21 famílias) e a resposta foi a mesma de todos os anos "porque a vizinha é a única pessoa a quem as quero oferecer. Gosto muito de si." Fico sempre atrapalhada perante tanta generosidade... e voltamos a abraçar-nos e uma lágrima teima em aparecer. E pergunto-lhe "acha que mereço?", e ela diz segura "a vizinha é muito boa, para mim é como se fosse minha irmã". Será que esta atitude vem duma educação de outros tempos em que se valorizava a verdadeira natureza das relações, a amizade e a bondade, a ajuda mútua e a disponibilidade para ouvir o Outro ao invés das relações baseadas nos interesses promocionais, sociais e afins? Talvez...
ResponderEliminarUm abraço para si.